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Leitura com café
  • Foto do escritorVerônica Martins de Oliveira

Minhas aventuras no Rock in Rio (1991) - parte II

Segunda parte da aventura Rock in Rio, eu FUI!!! Mas, não a passeio e sim recrutada pela Part Time para vender bebidas da Coca-Cola, no maior palco do mundo a céu aberto, no ano de 1991.


No outro final de semana falava sobre minha experiência de trabalho no Rock in Rio, não sei se vocês se recordam (podem conferir no blog a primeira parte).

Recapitulando: universitária, queria fazer uma graninha extra. Na época, só estudava e, em razão disso, a grana era curta mesmo. Na época, se instalou no campus da Universidade Estácio de Sá, no Rio Comprido, um stand da Part Time, empresa que estava contratando para trabalho temporário no RR.

Pois bem, lá fui eu para o Rock in Rio no Maracanã, 1991. Primeiro dia de trabalho e aquela quantidade de bottons (só para contextualizar os bottons eram a medida de controle para a venda das bebidas pela Coca-Cola) nos enlouquecia – a mim e a minha parceira de trabalho que havia acabado de conhecer.

Ela, muito organizada, tratou logo de criar “padrões” para calcularmos de forma mais rápida a venda. Quando nos demos conta, havíamos estabelecido um fluxo de trabalho estável e estávamos afinadas com todo o processo. Isso nos permitiu que pudéssemos nos revezar para assistir um pouco aos shows do lado de fora.

Como contei no post anterior, o nosso stand ficava de cara para o palco e, tanto dentro quanto fora, a possibilidade de ver uma ou outra programação era mais fácil. E assim vimos apresentações como as de Joe Cocker, Titãs, Guns N´Roses, Faith No More, Santana, Prince, Lobão, Lisa Stansfield, George Michael e Billy Idol. Só para citar algumas das atrações estrelares.

Nossa, bateu uma saudade danada!

Do Billy Idol ainda lembro, como se fosse hoje, da corrida que demos para parar em frente ao palco e vê-lo passando o som da música mais antológica de todos os tempos: “Eyes without a face”.



Então, a graça de trabalhar no Rock in Rio é que eu passei nove dias vivendo perigosamente. Ia e voltava sozinha. Absolutamente sozinha. Na época, eu morava na rua Martins Torres, em Santa Rosa, e o ônibus tinha como ponto final a rua Santa Rosa. Ou seja, tinha que percorrer um longo caminho a pé até em casa. Além de ver vários shows inesquecíveis, fiz uma graninha razoável para uma pessoa que morava com os pais e sem filhos.

O mais interessante dessas voltas pela madruga foram as amizades que fiz pelo meio do caminho, literalmente. No primeiro dia, vendo-me sozinha no ônibus, tratei logo de fazer amizade com o motorista e o trocador. Daí contei do quanto tinha que percorrer um longo caminho a pé até chegar em casa e do medo que me batia em andar nas ruas completamente escuras e sem ninguém. Resultado: eles se compadeceram de mim e decidiram que iam desviar o caminho, me levando até a porta de casa. Agradeci demais a intercessão divina. Um outro dia, voltava correndo e dois meninos sentados do lado de fora de casa me perguntavam por que eu corria, se havia acontecido algo. Expliquei que corria para chegar mais rápido em casa. Então, eles se ofereceram para me acompanhar a pé até chegar em segurança no meu prédio.


Hoje, quando penso nisso e reflito mais detidamente, me pego tentando entender de onde tirei tanta coragem para enfrentar todas essas adversidades, sem ninguém: só eu e Deus. E olha que dei foi trabalho para Ele e meu anjo da guarda. No último dia decidi ficar para a confraternização com a equipe de trabalho contratada pela Coca-Cola. Por consequência desse ato, acabei ficando em pé no ponto de ônibus perto da UERJ durante toda a madrugada. Pancadas de chuvas e ventos (sem guarda-chuva) incrementaram o perfeito “thriller”. Sozinha, mais uma vez fiz amizade com um casal, e juntos, após mais de quatro horas em pé no ponto, decidimos rumar para a Praça XV. Alguns diriam: que perrengue! É, pode até ser... Mas, eu fiz o que queria e não desisti em momento algum.

Lembro-me, como se fosse hoje, que esse último dia acreditava que ao chegar em casa daria de cara com os meus pais quase enfartando e, especificamente neste dia, estavam super tranquilos, tomando o café da manhã. Sim, eu cheguei às 6h30 da manhã. Lei de Murphy. Na época, as barcas não circulavam de madrugada, bem como os ônibus. Não existia Uber e táxi... Bom, táxi era super caro. O jeito era resistir até poder se deslocar para a Praça Quinze e pegar a barca das 5 horas da matina ... Creio que era isso.

Bom, acho que sim, sempre fui bem aventureira e, de certa forma, não me curvava ao medo. Hoje, talvez pelas circunstâncias da vida, não consiga mais encarar essa aventura. Mas, afinal éramos todos “tão jovens”, mas ainda acho que “temos todo o tempo do mundo”. No próximo artigo vou discorrer sobre o tempo. Confiram!


Obs.: depois de 1991, nunca mais voltei ao Rock in Rio. Uma pena! Ora por falta de dinheiro (o preço é um pouco salgado, não?), ora por falta de companhia... Não sei bem ao certo. Ou quem sabe por falta de coragem mesmo ou disposição. Daquele tempo, me recordo de outros, como o Hollywood Rock e A-Ha, entre outros shows de grande porte... O mais recente foi o R.E.M que pude ir, antes da banda se desfazer.


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